sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ideiando comida de mãe...


Meu irmão e eu resolvemos passar a almoçar na casa da mãe num determinado dia da semana, pois percebemos que temos mais  ou menos pouco tempo, ainda, para fazermos isso. Ela está com idade avançada, mas ainda muito despachada e sem maiores problemas de saúde. Mas percebemos que existe uma lentidão maior nela e lhe falta um objetivo específico para viver.
Então agora tem essa tarefa, a de cozinhar as lembranças....

Ela tem que fazer nossas comidas de quando éramos pequenos (xxiiiii....quanto tempo....), o que dá um trabalhão para ela....pois não se lembra de como fazia, que temperos, essas coisas.
Busca panelas lá em casa, ele e eu trazemos os ingredientes, enfim, forma-se  um momento rápido de almoço, mas precioso de recordações e alegria. Resgatamos facetas do passado...

Essas reuniões tem sido lindas, lembramos dos cheiros, até do tipo das panelas, de como se faziam as coisas, do cachorro da familia, dos vizinhos, das empregadas, coisas que ela lembra com carinho e que nos remetem a um passado muitas vezes cheio de problemas, mas que agora, do alto da nossa idade, nos devolve o frescor de décadas atrás, quando os valores de vida eram diferentes.

Nossos avós costumavam sentar na área da sua casa ao entardecer, sempre depois da janta, que era super cedo, tipo 18h. Eles moravam na colônia, lá no interior do interior e naquele tempo não existiam as modernidades que nos tiram tempo de conversar, de trocar as informações do cotidiano, uns com os outros. Sentar para conversar era a melhor parte do dia, algo parecido com as rodas de chimarrão que ainda se formam lá no interior. E como era ao entardecer, a noitinha vinha chegando e só se saia de lá quando nem se enxergava mais o degrau da porta de entrada da casa....hehehehe....
Nos lembramos muito do banco comprido que tinha nessa área externa, de onde sentíamos o cheiro dos butiás maduros e convivíamos com as flores que nossa avó plantava nos canteiros da propriedade.
Esse banco representa ainda hoje para nós,  tudo o que atualmente se perdeu em grande parte, o ato de  sentar e conversar sobre o dia, sobre o que se fez, sobre o que se sente.
Como esse banco se estragou de tanto esperar que eu o trouxesse a POA, estamos resgatando isso nas tardinhas em que sentamos no  mato da minha casa, conversando até o escurecer e deixando a noite chegar em calma, sem TV nem noticiário.
Mais uma forma de ser feliz.

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