sábado, 25 de setembro de 2010

ideiando a partilha da expressão


Eu estava sentada na sala de espera de um conhecido hospital, lendo tranquilamente e aguardando a minha vez de ser chamada, decidindo se tomava ou não um cafezinho cheiroso que estava bem ao meu lado...


Pulei fora dos meus costumeiros pensamentos diversos ao perceber a aproximação de uma Senhora, que estava retornando da sala de exames um pouco cambaleante e até meio sonolenta. Seu marido estava sentado quase ao meu lado, lendo jornal e muito concentrado nas notícias.
Quando a Senhora chegou até ele, chegou alegre com o resultado que obtivera dos seus exames e entusiasmada tentou contar para seu marido o que o médico havia dito. Tentou falar da sua experiência e da satisfação de ter tido um resultado bom.


E eu ali, obrigada a escutar e participar silenciosamente, mesmo sem ter nada a ver com o assunto, fui esquentando e na verdade acabei ficando indignada ao ver a maneira dele reagir, a sua apatia, o seu desamor.
Ele, o Senhor Marido, lendo jornal estava e lendo jornal continuou... Ela falando do sucesso do seu exame, querendo a sua participação, e ele apenas balbuciando um lacônico e esparso “aham... aham...” sem desgrudar o olho das manchetes.
Ela falava pro vazio, pro nada, me pareceu uma mulher que depois de anos de obediência e carinho, ainda não havia conseguido conquistar o olhar do marido sobre seus assuntos. Falava em busca de parceria nas emoções vividas, falava em busca de apoio, falava contando o que não chegava ao coração dele.
Nem um olhar dele pra ela.
Nada. O jornal era mais interessante.
Me deu uma peninhaaa......um aperto na alma...que vida essa...

Claro que o fato em si me rendeu “pano pra mangas”, rapidamente tive que pegar a caneta e rabiscar minha indignação no verso da própria requisição de exames, pensamentos vinham aos borbotões, atrolhando as emoções atrapalhadas como folhas velhas em dia de ventania....
A meu ver, uma das principais atividades da vida é a comunicação. Comunicação que se faz de muitas maneiras, olho no olho, em gestos, em palavras, em livros, numa piscadinha, apontando o dedo, meneando a cabeça, enfim, pra mim a comunicação é a partilha da expressão. É a chave de tudo.

Tá certo que casais há muito tempo casados nem sempre tem na comunicação o seu forte, entretanto dói ver uma pessoa dependendo emocionalmente de outra que nem lhe dá bola. Que nem olha. Talvez nem escute.
É a indiferença instalada, com todas as ligações possíveis, planta baixa com entupimento nas tubulações e corrosão na confiança.

Acordei das observações com a chamada do meu nome e entrei para fazer meus exames, mas não sem antes dar uma olhadinha no casal que se retirava.
Ela na frente com um passo incerto, ele atrás, largando o jornal meio de má vontade.

Vidas que  cruzam silenciosamente com a minha, deixando um grande ensinamento.
Ensinamento de como não se faz, de como não se vive.
Assim é que se morre em vida.

domingo, 19 de setembro de 2010

ideiando a velha sábia...

Estou longe de casa, mas dando um valor imenso ao que me restou em termos de lar e família. Estou mesmo é revendo a minha vida em slow motion.
Bom, porque as limpezas estão sendo processadas, a dor brota e seca, o azul do céu fica mais claro e o entendimento se amplia. Vão-se as ingratidões e ficam as  alegrias verdadeiras, o que é muuuito melhor.
E de patas pra cima, com bastante frio e muito silêncio, leio um livro que eu queria ler há muito,  e que na pressa peguei assim....porque era fininho... porque já li outro dela....intitulado A CIRANDA DAS SÁBIAS, da Clarissa P. Estés, (ser jovem enquanto velha e velha enquanto jovem) e logo no início deparei com um parágrafo fantástico:

...o que é mais provável é que no portal do paraíso queiram saber com que intensidade escolhemos viver e não por quantas "ninharias de grande importância" nos deixamos dominar.

Bingo!!!  

Tocando o céu e fechando espaços, deixo um abraço a todos.

PS - Hoje não tem foto, estou sem o meu note. 

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ideiando a sograaaaaa...



Ser sogra é engraçado!!!
É um estado de espírito, juro...
Quando o genro a apresenta aos amigos,
Os olhares param nela assim óóóó...
Examinam inteira pra ver que bicho é
E só depois é que sorriem...

Tá, mas sorriem porque?
Por que ele está com a sogra junto?
Por que a sogra é a vela?
Porque não se carrega a sogra junto?

Mas é isso aí... sogra é sogra...
O estigma existe e não adianta se dar bem...

Sogra que anda pouco... é chata
Sogra que anda muito... tem pilha
Sogra que não paga a conta... é mala
Sogra que não paga nada é...deitada
Sogra que caminha atrás... tem que cuidar para não perder
Sogra que caminha na frente...atrapalha o passo
Sogra que cansa rápido...é...é...o que?
É sogra, ora...

E não adianta levar pras estradas escuras pra ver se perde o diabo da sogra!!!!

ideiando a saudade, ainda!

Punta Del Diablo - Uruguay - 2008

 
 Às vezes o vazio torna-se insuportável,
Com lacunas de luz por todos os lados.
                 Como viver feliz sem que tudo esteja pleno?

                                        Amor, felicidade, parceria
                            Risos e tantas lembranças
                Juntos, sempre juntos

                                   Te procuro
                       nas dobras do infinito, onde não estás
                                  Te procuro
                       No azul do céu, que é transparente
                                  Te procuro
                      Nos horizontes sem fim
                                  Te procuro
                      No ar que respiro

                                            Um novo caminho a trilhar
                                    Uma nova maneira de viver
                              Preciso achar
                         Pra te esquecer



sábado, 4 de setembro de 2010

ideiando a chuva...

Chove.
A alma fica molhada.
Molhadas permanecem as intenções.
Tempo de pausa.
Recolhimento.
Aconchego.



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ideiando mais um haiku


Ventos de primavera
na tarde de inverno
tudo é vivo...
(haiku)