domingo, 24 de janeiro de 2010

ideiando a saudade dos verões

E os dias passavam tranqüilos, regidos pelo dolce far niente, pelo sol e pelos amigos, à beira mar. Dias de ócio criativo, de apenas estar ali por que eram férias, de cozinhar como o ponto alto do dia, de passear pelas estradas poeirentas das praias vizinhas, convivendo com a beleza indescritível de um mar transparente e areias brancas, fininhas e soltas.
Era verão de novo, época de encontros e descontração.

A casa era na areia, praticamente, e o tempo era tudo de bom. Os amigos eram muitos e a alegria era constante, com risadas sonoras e cristalinas como a água do mar, com a qual muitas vezes se cozinhava.
E a noite da batata frita? Todos comiam a produção de uma tarde inteira, inclusive as crianças cortavam batatas.... No dia seguinte, caminhando à beira mar, todos se olhavam e apertavam a barriga....ahahahaha....não se podia mais falar em batata frita até o ano seguinte!!!!
Era verão de novo e o ritual fazia parte.

O terraço que ficava na frente do mar, era uma sala de estar, de convívio geral, de receber visitas, de tomar o café da manhã, de ler o jornal, de discutir relação, de deixar recados quando se saia de casa.
Era o lugar preferido da turma...
Nas redes as crianças se atrolhavam pra dormir ou brincar, elas por si só enfeitavam o visual deslumbrante do mar de Bombas.
Os amigos chegavam por mar ou por terra, brasileiros e estrangeiros, numa troca linda de idiomas e conhecimentos.
Era verão de novo e tinha-se o prazer de estar junto com todos.

Época em que se trocava cachaça por lagosta, nas salgas dos pescadores vizinhos, época em que se comprava camarão saindo das redes de pesca, junto com areia e siris desesperados... época em que dinheiro não contava tanto quanto a amizade com os pescadores da região, que era uma troca sincera de gentilezas.
Caipirinha gelada, fogãozinho no chão fazendo bobó de camarão, descontração e sonecas à tarde, isso eram passatempos freqüentes, bem como a troca de comida entre as casas ou barracas dos amigos, “leva que sobrou”, “traz o que sobrou”....
Era verão de novo e tudo valia a pena.

Passaram-se vários e vários anos, as crianças cresceram, houve problemas entre casais, mortes de filhos e adultos, alguns mudaram de Estado e até de País, outros venderam suas casas, alguns nem queriam mais ir porque era realmente muito longe e estavam mais velhos....


Agora...
É verão de novo.

Ficaram as lembranças dos tempos lindos de praia.... e são muitas, e estejam onde estiverem, os participantes daquela fatia de vida ainda lembram, e com saudade, dos episódios, situações, casos e do simples cotidiano das férias de verão. Que de simples, leve e alegre, marcou indelevelmente o coração de todos.

Sempre que chega o verão, chega a nostalgia daqueles tempos, passados num lugar maravilhoso, onde o burburinho de hoje tomou conta, onde o mar nem é mais transparente, onde as areias são lotadas de gente estranha e as casas não são mais as mesmas.
Até os siris já se acostumaram e se mudaram de praia, eles que naquela época tinham nome e sobrenome, que comiam queijo com as patinhas, sob o olhar atento de todos, antes de se esconderem em suas tocas, por vezes perseguidos pela Flower...

OK, hoje, aqui e agora.....restamos nós, num outro contexto, mas ainda sonhando com verões como aqueles, mas dentro da realidade atual....
ahahaha... sonho impossível, a fila anda e temos que substituir as presenças, os momentos, as vivências...

Vamos lá, a única coisa certa nessa vida é a impermanência, não é mesmo?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

ideiando e compartilhando fotos


Estou "subindo" fotos e fotos para o Flickr, isso toma muito tempo, só consigo fazer aos poucos...... Mas aproveito para revisitar a viagem ao Atacama e também escolher mais imagens para abastecer o audiovisual que estamos fazendo. Dá um baita trabalho! E ainda tem os filmes que tenho que juntar para o Edgar montar....

Mas o prazer que dá depois desse trabalho pronto, de compartilhar com os amigos, de guardar a lembrança da viagem em DVD, isso não tem preço!

Durante a viagem eu lembro de uma das companheiras que disse que estava sacando fotos mis e que depois nem tinha alguém para mostrar... e quase nenhuma amiga tem saco para ver tantas fotos... fiquei pensando nisso, pois estava abastecidissima de cartões, dezenas de gigas, filmando e fotografando tudo...
É mesmo, mostrar pra quem?

Mas chegando aqui, meus amigos querem ver e saber como foi, muitos entram no Flickr para ver as fotos das viagens, muitos entram no Orkut para acompanhar as viagens e dar os seus comentários..e ficam viajando junto, muitos entram aqui no blog para saber o que está acontecendo durante a viagem. Isso é super legal, isso abastece emocionalmente e faz tudo mais bonito, dá vontade de continuar...
É muito bom compartilhar.
Arrisco dizer que tudo é compartilhar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ideiando e fotografando...




Considero o ato de fotografar como se fosse uma meditação.

A gente sai fora da realidade, embarca numa viagem através da objetiva, vê o mundo diferente... esquece do tempo... perde o controle de cronos... voa, cria, inventa, sonha, mede!

Fotografar, para mim, é deixar registrado, com um clique, o contexto de um instante, com toda a carga de emoção, beleza, história, tristeza, movimento e alegria que o momento oferece.

É a arte de manter no presente o passado acontecido.

domingo, 17 de janeiro de 2010

ideiando o auxílio




Na poeira da tragédia

o coração do auxílio

esperançaaaaa

ideiando sentimentos tristes


Estou querendo postar, mas nada me inspira. Estou triste, a situação do Haiti me deixa com o coração apertado. Vi tantas fotos assustadoras, aquele povo foi devastado pela natureza, a mesma natureza que embeleza a tudo..... mas numa dimensão que provoca um grande sentimento de vazio, de dor profunda, de desamparo. Meu Deus, mal consigo imaginar o que devem estar sentindo... Isso além da fome, das pestes, das perdas, da sede, da falta de tudo. Nossa, que provação!!!
Além das orações e doações, que mais podemos fazer?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ideiando um texto maravilhoso!!!


SOU PARTE DA NATUREZA

TEXTO DE SELANA FOX
Sou parte da natureza... as rochas, os animais, as plantas, os elementos e as estrelas são meus parentes. Os humanos são meus irmãos e irmãs, seja qual for a sua raça, cor, gênero , orientação sexual, idade, nacionalidade, religião ou estilo de vida.
Sou parte da grande família da natureza, só isso. A terra é meu lugar. Tenho, como todos, meu papel e busco descobrir qual o meu objetivo, para fazer o melhor possível. Busco viver em harmonia com os demais integrantes da família da natureza, tratando-os com respeito.
Sou pagã. Honro as estações em minha vida diária: nascimento, crescimento, frutificação, colheita, final, descanso e renascimento. A vida é um círculo com muitos ciclos. Com cada fim vem um novo começo. Com a morte há uma promessa de renascimento. Vejo círculos de mudanças e renovação não somente na minha vida, senão também na minha sucessão. Vejo minha vida como um círculo que conecta com os círculos vitais dos meus antepassados, que assim são parte de mim.
A magia é parte da minha espiritualidade. Para cada problema existe, pelo menos, uma solução efetiva, assim como uma oportunidade de crescimento.
Eu crio minha própria realidade com meus pensamentos, sentimentos e ações. Tudo o que enviamos, regressa. Quero ter sempre presente o que diz a rede Wicca: “se não ferires a ninguém, faz o que queres”.
Quando faço rituais mágicos, antes de dirigir a energia, busco ter sempre uma imagem global, dentro da qual minhas necessidades são sòmente uma parte. Procuro trabalhar pelo bem de todos, como pelo meu próprio. Quando surgem problemas no meu caminho, busco entender sua causa e suas mensagens, como parte de minha busca por soluções. Num trabalho de cura, busco as causas de ordem espiritual da enfermidade, mais que aliviar seus sintomas.
Sim, sou pagã. Trabalho com a lua para ajudar a curar outros, a mim mesma e ao planeta. Ativo começos na Lua Crescente, energizo manifestações na Lua Cheia e limpo obstruções com a Lua Minguante e com as noites sem lua. Tomo parte em rituais de Lua Nova e Lua Cheia, e sei que meus círculos são parte de uma grande rede de círculos que se encontram, nesse momento, ao redor do mundo.
Abraço o Panteísmo, o reconhecimento de que o Divino está em tudo e em todas as partes. Honro a divindade que está nos carvalhos da floresta, nas ervas do jardim, nos pássaros silvestres que cantam nas árvores, nas rochas dos precipícios e nas colinas, em mim e também em “ coisas” como meu carro, meu computador, minha TV. Entendo que tudo que contém espírito, tem um corpo espiritual além do corpo físico.
O físico e o espírito estão íntimamente interconectados. Honro a interconexão entre o criador e a criação.
Minha prática espiritual inclui a auto aceitação e entendimento, em lugar de recriminação. Divido minhas idéias com os outros, quando sinto que é o correto, mas não faço proselitismo, pretendendo que o meu caminho seja o único caminho válido para todos. Há muitos caminhos que sobem a montanha do conhecimento espiritual, não existem “ caminhos únicos”.
Sou pagã. Viajo ao outro mundo em sonhos, meditações e rituais. Uso aquilo que me ajuda em trabalhos mágicos: cristais, velas, incenso, cálices, pentáculos, campainhas, pentes, varas, espelhos, athames, bolas de cristal, etc. Vôo com minha consciência pelo tempo e pelo espaço. Exploro outras dimensões e regresso com conhecimento e poder. Vou por entre os mundos atrás de cura, crescimento e transformação.
Sintonizo meu ser com os 4 elementos da natureza – terra, ar, fogo e água, e com o 5. elemento, que é o espírito, a força espiritual que conecta tudo. Vejo esses elementos na natureza: a terra nas rochas, o ar nos ventos e na atmosfera, o fogo no raio, nas chamas e na eletricidade, a água nos arroios, rios, lagoas, mares chuva, etc. Os elementos também estão no meu ser. Meu corpo físico é terra, meu intelecto e pensamento são ar, minha vontade e ação são fogo, minhas emoções e sentimentos são água e minha alma é o espírito. Devo procurar harmonizar esses elementos para me fazer saudável e em equilíbrio com o meio ambiente.
Ouço chorar a Mãe Terra, lamentando-se dos maus tratos dados pela humanidade à natureza. Estão contaminados 3 elementos: a terra, a água e o ar. E com o fogo estão jogando o diabólico jogo das armas nucleares e outras formas de destruição. Também me sinto parte da contaminação espiritual do planeta, egoísmo, ambição por dinheiro e poder, violência, desigualdade. Assim como percebo esses problemas, percebo também que balançando e equilibrando minha vida, posso começar um pouco a melhorar essa situação, que requer uma maior tomada de consciência coletiva. Sei que a minha atitude e a minha forma de vida podem fazer uma diferença. Eu gostaria de ser um canal de cura e equilíbrio. A responsabilidade pelo meio ambiental é um compromisso cotidiano. Quero viver em harmonia com minha família, a natureza.
Sou pagã. A espiritualidade natural é a minha religião e a base da minha vida. A natureza é meu Mestre e meu livro sagrado.
Sou parte da natureza e a natureza é parte de mim. Minha compreensão dos mistérios do cosmos aumenta nesse caminho espiritual.

Com a natureza, na natureza e pela natureza...., trato de ser feliz.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ideiando qualquer coisa...


Ficamos nós, ficamos sós, com a nossa dor.

Agora somos só nós e as lembranças.

Que bom que temos lindas lembranças.
(trecho de um texto que escrevi hoje)
LONDON BRIDGE, 2008

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

ideiando haikus


Olho lá fora

e vejo a chuva...

o tempo passou
(haiku)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

ideiando mentiras...



SOBRE MENTIRAS

Além de ser um ato abominável, desprezível, denunciando um mau caráter, mentir tem várias finalidades...

- esconder a verdade
- fugir da realidade
- o prazer de passar a perna na outra pessoa
- não querer agüentar o castigo
- e por aí vai.......

O mentir que eu falo não é omitir, não contar, não abrir o jogo, é falar sim, contar coisas que não são bem assim, inverter a ordem, até inventar estórias mirabolantes, com detalhes e em detalhes.

A pessoa que mente acaba se enredando nas próprias mentiras, que mais hora menos hora acabam por vir à tona, por mais inteligente que se sinta a criatura!!!

Quando se descobrem as mentiras, caem por terra todos os argumentos contrários, dói o coração de quem é enganado, perde-se a confiança em quem mentiu.
E pra que?
Por que, se todos sabem que mentira “tem pernas curtas”???

Pior... as verdades caem sempre na palma da minha mão, nem preciso me esforçar, as amigas bruxas tomam conta e mostram....
Que sina a minha!

Não gosto de pessoas assim, aliás, desprezo essa maneira de viver, quando descubro uma mentira fico extremamente furiosa comigo mesma, por ter acreditado, por ter sido uma idiota a mais a cair nos enredos.
E tenho o azar de conviver muito de perto com várias pessoas que usam esse artifício normalmente, que enganam conscientemente, ludibriam a boa fé, que contam fatos como se os tivessem vivido, se achando muito perspicazes e inteligentes...que dizem que fazem mas não fazem...

Por que eu falo sobre isso hoje, aqui e agora?
Por que mais uma vez mentiram pra mim...
E eu acreditei!!!!

Quando é que vou aprender que ser correta não dá imunidade a baixarias???

sábado, 2 de janeiro de 2010

ideiando as Harpas Eternas!!!

De coração, preciso agradecer à minha amiga Matilde pelo simpático gesto de me sugerir um livro para as férias e que eu, gentilmente, quase recusei.... Se ela não me trouxesse o tal livro e quase colocasse dentro da minha bolsa, eu acho que não pegaria para ler, pois a fila de espera dos outros, na prateleira, ainda é grande...não dou conta e quando posso não tenho paciencia, atualmente.

Mas o tal livro HARPAS ETERNAS, pertence a uma trilogia em 4 volumes (nossa senhora!!!), sendo um fiel relato sobre a vida do Profeta Nazareno, resultado de mais de 20 anos de pesquisa da autora nos centros culturais da Palestina, da Síria, da Grécia, de Alexandria, de Damasco, de Antióquia e da Ásia Menor, completados pelas informações obtidas nos antigos arquivos essênios de Moab e do Líbano, e nas Escolas de Sabedoria fundadas pelos mais ilustres sábios do Oriente.
É a história de Jesus de Nazaré, narrada com impressionante riqueza de detalhes sobre todas as etapas da sua vida.

Eu confesso que relutei em trazer o livro, pensei "férias??? quero sombra e água fresca, nada de ler sobre Jesus"....

Bem, volto a agradecer à minha amiga, pois agora sou eu quem está apaixonada pelo livro, pelos relatos, pelas explicações detalhadas de coisas que permaneciam envoltas em mistério, tipo porque se batiza com água de rio, como assim....que Maria era virgem e concebeu... porque a familia dela foi a escolhida para receber o Deus-Menino, a real história dos Reis Magos, a dedicação dos essênios, dentre tantos outros assuntos.
E mais, o princípio e as atividades dos Terapeutas Peregrinos, um dos temas dos estudos do Colégio Internacional dos Terapeutas de Alexandria, grupo que eu participei por algum tempo, ligado à Unipaz.
Nossa, leio com avidez, com amor, com envolvimento total. A vibração que resulta dessa entrega é sutil e faz rever conceitos e atos atuais.

Estou na metade do primeiro volume, recém, mas até aqui valeu a pena ler cada palavra, cada conceito, cada ensinamento.
Entregar-se à leitura amorosamente, à sombra de alguns velhos pinus, com os pés na grama, a alma no espaço e o sol por testemunha, tem sido o exercício mais prazeroso dos últimos dias.... do ano passado.
Por que nesse ano ainda não deu para ler, a festa ainda não acabou!!!!
Amanhã tem mais...

ideiando a esperança!!!!


TUDO DE NOVO !!!!!


Novos propósitos, novas idéias, roupas novas para dar sorte, novos impulsos.
Uma nova tonalidade sobre uma velha colcha colorida de retalhos, alguns bem costurados, outros nem tanto.... mas com linhas firmes e novas mais a vontade turbinada pela esperança de um novo começo, pode-se conseguir consertar algumas coisas, apenas modificar outras e inventar novidades, sempre buscando a tal felicidade.
A isso chamamos de ano novo, vida nova....
Mas o importante nisso tudo....mas o que vale mesmo, é a esperança do recomeço.
Sem esperança nada tem graça...
É ela que nos move pra frente, pra cima, pro mais alto...
Pensem nisso.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

ideiando a idade e a mudança...

O primeiro texto que leio nesse novo ano das nossas vidas, é exatamente o retrato fiel do que estou vivendo, certificando meu coração de que estou no caminho certo.
E gostaria de dividir isso com as inúmeras amigas que aqui vem ler os textos que escrevo e que depois comentam.
Um beijo em todos e que sejamos cada vez mais felizes em 2010!!!!


A IDADE E A MUDANCA

Por Lya Luft


Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível...
A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se "mudança".
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...
Lya Luft